sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mário Jardel

Ontem ia para casa e houve uma lágrimazita que teimava em querer caír enquanto ouvia rádio. Enquanto ouvia o inacreditável Mário Jardel ser entrevistado. Uma criança, com a voz entaramelada, sem noção do ridículo e sempre, sempre, com a confiança que só os predestinados têm.

Jardel foi o jogador mais extraordinário que vi jogar. Enquanto jogava, várias vezes pensei que um dia que tivesse um filho, lhe haveria de falar daquele jogador fantástico, incapaz de correr com a bola, mas capaz de marcar golos de toda a forma e feitio. Maior que os maiores. Não há Zidane ou Ronaldo que o batam. As fintas treinam-se. O talento molda-se. Os dons ou se teem, ou não.

É custoso hoje, alguns anos volvidos, volta e meia aparecer este zombie que vagamente nos recorda o grandioso ponta de lança, e que diz que é Mário Jardel. Não! Mário Jardel foi um jogador brilhante durante uma dezena de anos. E desde então é uma memória fantástica que cada um daqueles que o viram jogar transporta consigo. Jardel sozinho marcou dezenas de golos a alguns adversários, e no entanto dificilmente se encontra alguém que não o respeite enquanto goleador. Porque ele era o ponto de chegada do futebol. Ele era o golo!

Força Mário. Obrigado por tudo!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O fim do Benfica???

Ouço por aí que o jogo de Domingo mostrou que o Benfica não é invencível, que agora que caíram do pedestal já não se recompõem, que afinal contra equipas fracas é que é, que os árbitros ajudam, etc e tal... claro que o Benfica não é invencível, isso não existe. Mas que é precisa uma grande dose de saber e sorte para os vencer, que ninguém tenha dúvidas!

Sejamos realistas e deixemos a clubite de lado. O Benfica está a jogar como nenhuma equipa jogava em Portugal desde o Porto de 2003 e 2004. Ou seja, está a jogar muito! Isso é inegável. Muita qualidade individual e muita qualidade colectiva, apesar de defensivamente as coisas ainda não estarem muito apuradas.

O que aconteceu na recepção ao Vitória, para a Taça, foi um azar. Só uma mente deturpada pode dizer que o Benfica jogou mal ou não merecia vencer. O resultado normal daquele jogo era um 3-0 a favor das águias. Com sorte, saía goleada. Com azar, perdiam 0-1. Tiveram azar. E hão-de perder mais jogos assim até ao fim da temporada, a questão é que a jogar assim é muito mais fácil chegar à vitória. É esse o segredo que Jesus transporta: não faz equipas para um jogo, faz equipas para uma época.

Nos últimos 15 anos, os Benfiquistas têm-se habituado a perder mais do que gostariam e, muitas vezes, a merecer perder. Este ano, pelo menos, têm a consolação de perder com azar. E isso é meio caminho andado para curar a última derrota, e não perder no jogo seguinte. Porque a qualidade de jogo está lá, basta apenas continuar a trabalhar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sejamos realistas!

O sector dos patrocínios está sujeito a variadíssimas limitações, da mais diferente índole, e por isso se analisarmos com algum rigor detectamos padrões de investimento de sectores específicos ao longo dos tempos. Nos dias de hoje, podemos dividir em 3 grandes grupos os sectores de actividade com capacidade para investir no futebol: cervejeiras (ex: Super Bock), Telecomunicações (ex: TMN) e apostas on-line (ex: bet online at BetUS.com).

Historicamente, a Sagres e a SuperBock, em particular desde os anos 80, disputam a liderança do gigantesco mercado cervejeiro português, numa guerra que parece estar para durar, e após algum abrandamento no sponsoring de ambas no final da década de 90, a aposta recente veio em força, a que acresce ainda o patrocínio da Carlsberg à Taça da Liga. A guerra está de tal maneira que já se rasgam contratos com um dos pretensos líderes para “assinar” pelo outro. A aposta é forte e os clubes devem aproveitar para ser a parte que mais ganha nesta luta fraticida.

No que diz respeito ao sector das telecomunicações, a sua época áurea deu-se há alguns anos atrás, quando o mercado português de comunicações móveis ainda estava em crescimento, mantendo-se contudo um elevado investimento fruto da constante inovação tecnológica no sector que provoca um consumo repetitivo do mesmo. Aliás, as telecomunicações são neste momento o sector economicamente mais forte, em todos os sentidos, pelo que deverão ser uma aposta estratégica da parte dos gabinetes comerciais dos clubes.

Chegamos por fim às apostas on-line… o grande “apostador” em sponsoring ao nível do futebol a nível europeu e que se encontra arredado, por questões legais, do mercado português, depois de curiosamente aqui ter sido dado o primeiro grande passo (a criação da Liga BetandWin e posteriormente Bwin) a nível mundial. Esse facto levou-me a acreditar que Portugal poderia aproveitar este mercado, mas os desenvolvimentos recentes, com a guerra que opõe a SCML às casas de apostas, não auguram nada de bom, havendo o risco dos clubes portugueses deixarem passar esta oportunidade de negócio e, quando se legislar, ser já tarde para o aproveitar.

Num tempo de crise, em que o mercado de apostas on-line tem um crescimento exponencial e o seu apetite por “antena” e por investir em imagem é enorme, o mercado desportivo português vive arredado dessa realidade que atravessa a Europa de lés a lés. Por isso é estranho ver 5 ou 6 clubes da Liga Sagres (cá está a cerveja!) sem patrocinador nas camisolas, quando poderiam ter lá algo e dessa forma ser mais competitivos, usufruíndo de recursos que permitiram beneficiar a sua performance e dessa forma dar retorno aos patrocinadores.

Devo dizer que compreendo a posição da SCML, afinal defende apenas os seus direitos, legalmente consagrados. O que me parece é que deve haver uma clara discussão deste assunto, legislar-se sobre o mesmo (não vale a pena enterrar a cabeça na areia e dizer que é proibido apostar on-line em Portugal quando milhões e milhões de euros são apostados por portugueses dessa forma) e discutir qual a legitimidade da SCML para ter o monopólio do jogo, apesar da sua inegável função social. Pode-se então colocar a questão: estarão os players do mercado interessados em entrar, se forem obrigados a ter algum peso social no seu retorno? E deixo então a questão final à SCML: porque não “entrar no jogo”, com toda a imagem e know-how existentes, e aceitar que possa haver outros players no mercado. E ir a jogo, claro. Por exemplo, patrocinando o futebol. Aproveitando uma imagem secular e de seriedade por contra-ponto com toda esta nova panóplia de empresas de que, mesmo quem joga, tem muitas dúvidas sobre a legitimidade...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vitória com classe

Estamos na África do Sul! Como sempre esperei e poucas dúvidas tive, com maior ou menor dificuldade, lá chegaríamos. E a verdade é que encerrámos a viagem até à África do Sul de forma brilhante, com uma vitória que pareceu fácil pela tremenda qualidade do nosso jogo, concentração e cumprimento do plano definido que, como aqui avançara ontem, passaria por dar a iniciativa de jogo ao adversário e explorar os espaços por eles concedidos ou as bolas paradas.

Em desvantagem na eliminatória e com Portugal a dar-lhes a bola, os Bósnios mostraram que são uma selecção bem inferior à nossa, chegando a ser confrangedora a sua total incapacidade para jogar futebol, apostando exclusivamente no pontapé para a frente. Portugal, fiel ao programado, saía rápido para o contra ataque com 3/4 jogadores, sempre com a preocupação de não desequilibrar a equipa, e desde cedo se percebeu que era Portugal quem mandava no jogo e tinha maiores probabilidades de chegar ao golo.

Foi pena Meireles não carimbar o passaporte mais cedo, ainda na primeira parte, num golo que a entrar seria de antologia pela envolvência da jogada. Mas não foi aí, foi já no início da segunda parte, e a partir daí Portugal estava já na África do Sul, com os Bósnios a deixarem caír os braços e Portugal a mostrar a sua especialidade: falhar golos!

Gostaria de destacar, da partida de ontem, 2 jogadores: por um lado Duda, o patinho feio da selecção, um desconhecido do grande público, que joga numa posição que não é a sua e onde, de facto, não tem estado em bom plano. Mas ontem tudo foi diferente e Duda foi dos jogadores mais incisivos na manobra da equipa ; por outro lado, Tiago, a "surpresa" no onze, "fazendo de Deco", tacticamente irrepreensível, a pautar o jogo a meio campo com classe e com 2 ou 3 pormenores a fazer-nos acreditar que não somos Decodependentes.

Por último, uma nota para a excelente arbitragem do italiano Rosseti, a deixar jogar nos limites, mas a ser rigoroso quando se impunha. E uma nota final para a atitude dos jogadores Bósnios que, mesmo a perder, mantiveram a calma (não se deixaram instigar por Blazevic) e numa altura mais crítica, em que choveram alguns objectos para o relvado, foram os primeiros a pedir calma ao público nas bancadas.

Parabéns Portugal! A todos! Dirigentes, equipa técnica e atletas. Agora, vamos lá "descobrir" África!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vamos lá dar a bola aos Bósnios

Com o futebol a sério parado há semana e meia por causa da selecção, a que acresce o fulcral confronto de amanhã com a Bósnia, as nossas atenções estão todas concentradas nessa partida que vai decidir de que forma vamos assistir ao próximo mundial: se a apoiar Portugal ; se a apoiar outra selecção qualquer!

Depois de ontem termos tido uma recepção meio recambolesca à chegada, os relatos que nos chegam do estado do relvado neste estádio secundário no país de Leste não é nada famoso, ou seja, vem-se confirmar a teoria de que amanhã à noite, vamos ter uma guerra para travar! A ajudar a isto, as declarações quase "bélicas" do seleccionador mostram à evidência que os Bósnios estão preparados para a tal guerra.

Acho sinceramente que as coisas começam a conjugar-se a nosso favor, pois nota-se por um lado alguma sobranceria dos Bósnios (acham que Portugal está perfeitamente ao seu nível) e um espírito belicoso que, caso as coisas não lhes saiam a contento, pode jogar muito a nosso favor, assim saibamos manter a cabeça fria.

Já que falamos de duas selecções que atacam bem e defendem mal, e uma vez que estamos em vantagem e marcando um golo na Bósnia, os Bósnios têm de marcar 3, é de entrar em campo com 2 objectivos em mente: dar a bola aos Bósnios para eles terem de assumir o jogo (ainda para mais sem o miolo do seu meio-campo, castigado) ; saír rápido no contra-ataque sem desequilíbrios ou aproveitar bolas paradas para marcar.

Amanhã temos tudo para tirar o bilhete para a África do Sul. Vamos a isso Portugal!

Este regulamento nem para limpar o dito cujo


Genial o mais recente "problema" com a Taça da Liga. Depois da patetice do "goal-average" no ano passado, resolvido com uma tradução errada (!!!), varrendo para debaixo do tapete, a deste ano ainda é mais deliciosa, pois se a questão da média de golos Vs diferença de golos é uma diferença de entendimento de um conceito (ou seja, ou é A, ou B, e claro que é A ou B conforme convenha), aqui temos uma panóplia de soluções possíveis, qualquer uma delas estúpida!

Aos menos atentos, o problema é o seguinte: num destes fantásticos grupos de 3 desta fase da competição (em que se recebe um adversário e se vai a casa do outro, ou seja, a ordem dos jogos influencia tudo!), todos os jogos acabaram empatados a zero, o que leva para o critério de desempate seguinte: passa quem tiver a mais baixa média de idades.

Vai daí, o Portimonense aos 91 minutos do seu 2º e último jogo tirou um coelho da cartola: tirou o guarda-redes de 35 anos titular e colocou um miúdo de 19 no seu lugar. Com isto, a média de idades dos jogadores em campo no final do jogo era inferior à média de idades da Académica. Mas se isto já parece delicioso, melhor ainda é saber que na realidade a média de idades da Académica é inferior, o problema é que no Site Oficial da Liga (repito, OFICIAL), o jogador da Briosa Tiero aparece tendo 34 anos, quando na realidade tem 28! O que torna ainda tudo mais confuso!

Mas para aumentar a confusão, onde raio é que o regulamento diz que o que interessa é a média de idades dos jogadores em campo no último minuto do último jogo? Porque não a média de idades dos 11 iniciais nos 2 jogos disputados? Ou porque não a média de idades dos 11 que terminaram os 2 jogos? Ou porque não a média de idades no final do 1º jogo?

Cada vez mais me convenço que a avantesma que fez este regulamento tem sérios problemas mentais e não percebo como, após a vergonha do erro do ano passado, se optou apenas por colocar a expressão correcta no regulamento (ou seja, dando razão a quem foi roubado!) e não por reformular o regulamento de fio a pavio.

A Taça da Liga é a prova de como uma boa ideia pode-se tranformar numa alarvidade. A ideia inicial que foi vendida era que esta prova ia gerar receitas e era uma oportunidade para as equipas mais pequenas brilharem. Acabamos por assistir a jogos a meio da semana a meio da tarde (numa altura em que as competições estão paradas!) e os 3 clubes do sistema são levados ao colo até à fase final. A isso, junta-se este regulamento perfeitamente aberrante, que nem para a higiene mais íntima tem utilidade!

domingo, 15 de novembro de 2009

Carvalhal?!?!?

O Presidente do Sporting tinha avisado que o treinador ia ser uma surpresa. E é, sem sombra de dúvida, não passava pela cabeça de ninguém que fosse Carvalhal o escolhido, mas faz algum sentido ao ser publicamente uma segunda escolha, ou seja, dificilmente um treinador português com algum nome e "na moda" aceitava ser segunda escolha após um treinador com 3 semanas no activo ser a primeira escolha, pelo que a margem de manobra acredito que fosse curta para Bettencourt.

Carvalhal vive uma fase dura da sua carreira, depois do falhanço na Grécia e no Marítimo, e no Sporting encontra duas coisas:
- a possibilidade de conseguir com alguma facilidade melhorar esta temporada e dar assim, ainda que ligeiramente, um balão de oxigénio à carreira
- no caso de um falhanço absoluto, a passagem por Alvalade permite-lhe abrir portas nos mercados do médio oriente e asiático dado o "nome" do Sporting.

Ou seja, Carvalhal tem muito a ganhar com esta passagem pelo Sporting, numa altura em que estava "queimado". Já o Sporting... afinal qual é a ideia? Salvar esta temporada? Tirar a pressão desta temporada e preparar a próxima? Mas Carvalhal só tem contrato até final da época...

Devo dizer, apesar de tudo, que "engraço" com Carvalhal. Não sei bem qual a quota parte, nos seus falhanços, do azar e da azelhice. Mas dos seus tempos no Restelo não ignoro a sua constante preocupação com os erros e o assumir sempre, pelo menos publicamente, dos erros, ao contrário de outros que por lá andaram, que sempre preferiram deitar as culpas nos jogadores, na meteorologia, no azar ou no que estivesse mais à mão.

Cá fico à espera, então, que Carvalhal tenha sorte. Ou mostre saber da arte. Sinceramente, estou a torcer por ele!

Adeus azar!


A vitória de Portugal, esta noite, sobre a Bósnia, soube a pouco e ao mesmo tempo soube a muito, pois o resultado esteve longe de corresponder ao que se passou em campo.
Valeram-nos os deuses da fortuna, os mesmos que no início da fase de apuramento nos tinham abandonado. Como dizia a muitos na altura, o azar que tivemos com a Dinamarca ou Albânia havia de acabar e tinha a convicção que havíamos esgotado a nossa dose de azar nesses jogos. Confirma-se!

3 bolas nos ferros hoje, as últimas duas, no espaço de 3 segundos, surreais, disseram-me que estamos vivos e com a estrelinha dos campeões! Entrámos bem na partida, tivemos um pequeno abrandamento mas depois até ao golo fomos "esfomeados" pela vitória. Excelente toda a equipa nesse período. O problema foi que com o golo a Bósnia passou a querer jogar futebol, e a nossa equipa não mais se encontrou.
Não que a Bósnia jogásse algo por aí além, longe disso, mas porque a nossa defesa, sob pressão, continua a manifestar um problema já com alguns anos: treme por todo o lado e é só buracos! Basta apenas colocar bolas na nossa área e é um "ai Jesus"! Acresce a isso a ausência de Ronaldo (importante na circulação e manutenção de posse de bola) e uma total falta de discernimento a pautar o tempo de jogo em posse de bola, e tivemos uma noite difícil.

Quarta-Feira temos um "mata-mata" na Bósnia, num estádio que é um "campo" e com neve. Será difícil, será um jogo de luta e temos de ir para a guerra! Não é tempo de limpar armas, é tempo de naqueles 90 minutos deixar a pele em campo, porque o adversário é isso que fará!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sporting dá época como perdida?

Depois da saída de Paulo Bento, com um plantel mais fraco que a concorrência e sem capacidade financeira para lhes fazer frente (só Paulo Bento foi fazendo milagres lutando com o Porto nos últimos anos enquanto o Benfica andou enredado em temporadas patéticas), o Sporting admite estar interessado em contratar André Villas Boas, treinador da Académica há coisa de 3 semanas...

De André Villas Boas, tenho as melhores referências, e não tenho dúvidas que deverá ter bastante mérito. Mas a sua entrada no Sporting só fará sentido se a estrutura leonina admitir esta época como perdida, libertar a equipa de pressão (e aí com naturalidade o Sporting acaba nos 4 primeiros lugares, pois tem plantel mais que suficiente para isso) e puder preparar a próxima época.
Se Villas Boas entra para resolver esta temporada, então para o ano duvido que ainda esteja em Alvalade, pois estarão a colocar um peso enorme nos ombros de um "miúdo" inexperiente e a quem serão exigidos resultados. E com a entrada de Sá Pinto para Director Desportivo não estou a ver o Sporting a atirar a toalha ao chão. Só se o Sá Pinto atrás da secretária for bem diferente do que era como jogador.
Veremos quais são as cenas dos próximos capítulos:
- se o Sporting é inteligente, contrata Villas Boas num projecto de futuro esquecendo esta temporada
- ou se o Sporting quer salvar uma temporada onde nada há para salvar (Benfica muito forte, o Porto tem uma dinâmica que faz com que mesmo jogando mal, seja candidato, e ainda há o Braga com avanço considerável).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A poderosa Bósnia

Faltam apenas 3 dias para a 1ª mão do play-off contra a Bósnia, que por estes dias é apontada na imprensa como uma selecção temível, cheia de executantes de 1ª linha, a que acresce a dificuldade de não termos Ronaldo disponível.

Ora, o que me faz confusão, é que desde o sorteio do grupo até à última jornada, selecções como a Suécia e a Dinamarca sempre foram encaradas como medianas e a Hungria como se de uma selecção de amadores se tratásse. O nosso grupo de qualificação (tal como o de qualificação para o Mundial 2008, com uma qualificação muito sofrida e se calhar imerecida) era difícil, Suécia e Dinamarca são selecções pouco inferiores a nós e mesmo a Hungria, especialmente no seu reduto, não é pêra fácil.

Agora, calha-nos a Bósnia, e parece que o Dzeko e o Misimovic são estrelas de primeira linha mundial, e fala-se do Muslimovic como se fosse um ponta de lança genial. Claro que a Bósnia é difícil e só um Portugal 100% concentrado pode levá-los de vencida. Mas isso é a Bósnia, como qualquer outra da grande maioria das selecções europeias! Ao longo dos anos 90, acabou o amadorismo fora do círculo de 10 ou 15 países, e portanto hoje em dia, mesmo uma selecção de fundo de catálogo, conta com um 11 de jogadores profissionais e que jogam quase todos eles espalhados pela Europa. Pode ser em clubes menores, mas em termos físicos e tácticos têm o mesmo potencial que nós. Só a nossa craveira técnica marca, de facto, um fosso.

Carlos Queiróz foi muito contestado ao longo da fase de qualificação, tendo de se haver com uma equipa sem lateral esquerdo nem ponta de lança. A verdade é que nos colocou no play-off (era o mínimo exigível e devo dizer que em altura alguma duvidei que lá chegássemos) e agora só há um resultado possível: ir ao Mundial 2010.

Com Ronaldo ou sem Ronaldo, somos muito melhores que a Bósnia. Só temos de jogar concentrados, dar tudo em todos os lances, e a África do Sul é já ali ao virar da esquina. Vamos a isso!
PS - A cara aí na fotografia é familiar a todos os adeptos do futebol não é? É só olhar e dizemos logo: epá, este é o... não faço ideia!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Enke.

Há mais de meio ano o Futebol Relativizado ficou em stand by. Neste tempo, por várias vezes tive vontade de regressar a escrever aqui, com uma base regular, mas apesar de vários assuntos me fazerem despertar esse desejo de escrever, a notícia há pouco conhecida da morte de Robert Enke, confirmada agora on-line como suicídio, acabou por me despoletar este regresso.

O Enke surgiu no Benfica numa altura terrível para o clube, e acabava por ser uma lufada de ar fresco nos encarnados, pela sua qualidade inquestionável, aliada à sua juventude. Acrescentava a isso um ar meio "hippie" que fizeram dele um jogador por quem tinha algum carinho e cuja carreira fui sempre acompanhando.

Enquanto acompanhava a carreira, acompanhei também a tragédia pessoal porque passou há alguns anos, perdendo um filho, e mais recentemente o azar que o afastou da competição numa altura em que se afirmava definitivamente como guarda-redes de topo. A notícia da sua morte deixou-me chocado. Mais ainda ao descobrir que era suicídio, numa altura em que o seu nome era inclusivé falado para potencial titular da selecção germânica e como estando a caminho de um clube de topo europeu.

A vida é cheia de mistérios e dramas. Os de Robert Enke acabaram esta tarde, numa passagem de nível.