sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Futebol não é para meninas?

Depois de verem a menina número 15, Elizabeth Lambert, da equipa americana Bingham Youngs acho que rapidamente mudam de opinião. Ou então, isto é uma mulher de barba rija. Seja lá o que for, aconselho vivamente a que não se metam com ela. Uma Materazzi à Americana:

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Futebol é desporto de Inverno

Trago este título à baila porque, ano após ano, parece que cada vez mais só se pode jogar futebol em relvados imaculados e verdejantes, sem uma gota de águe e muito menos lama.

As coisas estão num ponto em que se acha estranho ontem ter tido lugar o jogo entre Vitória de Guimarães e Benfica para a Taça da Liga. O relvado estava mau? Estava. Mas faz parte do jogo!

Há jogos que ficam na memória nas piores condições. Recordo um marcante Boavista-Benfica que terminou com Paulo Sousa na baliza debaixo de uma tempestade. Ou o Belenenses a golear o Penafiel enquanto nevava em Lisboa.

Nas camadas jovens, jogava em pelados, alguns com lixo espalhado pelo campo. Éramos miúdos de 10, 11, 12 anos. Às vezes chovia. Às vezes chovia a cântaros. Até sob granizo joguei. Recordo um torneio no Estoril em que era eu que tinha de marcar os pontapés de baliza da minha equipa porque era o que rematava com mais força e, portanto, o único que conseguia chutar a bola para fora da área. E daí? Jogava-se! Futebol.
Custa-me acreditar que seja colocada em causa a realização de um jogo nas condições do que ontem teve lugar. Porque isso é, cada vez mais, defender os mais fortes. O futebol é o maior desporto do mundo porque, na sua origem, foi o único desporto que colocou lado a lado, quer dentro, quer fora de campo, diferentes classes sociais. No Séc. XXI, parece que o futebol é só para os ricos irem para a bancada e para os clubes mais ricos vencerem os jogos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

CAN começa mal

O Mundo inteiro condena o ataque prepetrado por revolucionários da FLEC contra o autocarro que transportava a Selecção do Togo que se dirigia para a CAN, na província de Cabinda, e com razão. Mas até aqui pouco se ouviu sobre como foi possível o mesmo ter sucedido e quais as suas repercussões.

Cabinda é uma província Angolana onde se situam grande parte das riquezas naturais do país. No entanto, Cabinda não tem qualquer ligação física com o território Angolano. A sua formação enquanto província tem origem na Conferência de Berlim, em finais do Séc. XIX, que dividiu um extenso território em Congo Belga (actual Rep. Congo), Congo Francês (Rep.Dem.Congo) e Congo Português (Cabinda). No entanto, os Belgas pretendiam ter ligação ao Oceano Atlântico, pelo que o Congo Português deixou de ter ligação a Angola, cortando-se assim quaisquer laços que poderiam existir com as províncias a Sul. Desde 1975, que a FLEC reclama a independência da província, mas a sua força sempre foi relativa e não passa de actos de guerrilha isolados.

Dito isto, estamos perante um território numa paz aparente, que foi escolhido como uma das cidade sede da CAN 2010. De forma a garantir a segurança das selecções que se deslocariam a Cabinda, a organização da CAN informou as mesmas que deveriam rumar a Luanda e, daí e com escolta militar, deslocar-se-iam para Cabinda. Apesar dos avisos, o Togo optou por viajar de avião até Libreville, na Rep.Dem.Congo, e daí seguir de autocarro para Cabinda.

Conhecedoras da situação, as forças da FLEC não hesitaram e aproveitaram a oportunidade para dar a conhecer ao mundo a sua luta. Da forma mais estúpida, claro, atacando estrangeiros inocentes que se deslocavam à sua província para um espectáculo desportivo.

A Federação do Togo cometeu um erro crasso ao não cumprir as recomendações da organização da CAN. E o abandono da prova, dadas as 3 vítimas mortais e alguns jogadores feridos, é uma saída óbvia para a situação. Mas notícias hoje vindas a lume dão conta de uma possível punição exemplar para os Togoleses por terem abandonado a prova.

É aqui que não concordo. Houve um erro, mas num mundo civilizado não serão necessárias escoltas militares para um autocarro com jogadores de futebol passar, onde quer que seja. Dadas as repercussões da emboscada, inclusivé com jogadores fisicamente inferiorizados, a acrescer a dirigentes mortos, a saída da competição parece a única solução aceitável. Castigar ainda mais o Togo do que o castigo de não entrar em campo, por razões plausíveis, parece-me abusivo.

Senão, imaginemos a seguinte situação: Europeu em Espanha, a França é avisada que deve ir de avião até Madrid e daí para Bilbao com escolta militar. Os Franceses, ignorando o perigo, seguem de autocarro para Bilbao, há uma emboscada. Em resultado, a França abandona a competição. Ainda se ia dizer que os Espanhóis tiveram culpa? Alguém ia castigar ainda mais os Franceses?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tecnologias aplicadas ao futebol

Este é um tema que está na ordem do dia, em consequência da entrega de uma petição na Assembleia da República pelo jornalista/comentador Rui Santos que visa a discussão da adopção das novas tecnologias no futebol.

A ideia é louvável, mas não mais que isso. Claro que uma alteração desta monta tem de passar acima de tudo pela FIFA e UEFA e vontade destas entidades em tornar o futebol mais verdadeiro. E tenho sérias dúvidas que estas duas entidades tenham interesse em mitigar o erro no futebol.

Tive ontem oportunidade de explanar duas alterações que para mim são essenciais no futebol aos microfones da TSF, e que são a utilização do vídeo para apoio ao árbitro e a cronometragem do tempo de jogo, e que sucintamente passo a explicar:

Quanto à utilização do vídeo, há várias formas do mesmo ser implementado, há que estudar qual a que efectivamente é mais prática e acertada e implementá-la. Desta forma facilmente se resolvem "casos" de penaltys, agressões ou bolas que entram ou não. Relativamente ao fora-de-jogo, já há jogo directivas aos árbitros auxiliares para que, em caso de dúvida, beneficiem quem ataca, o que todos sabemos que não acontece porque é mais "fácil" anular um lance de potencial perigo marcando mal um fora de jogo do que correr o risco de validar um golo que não deveria ter sido validado. Com o recurso vídeo, mais facilmente o árbitro auxiliar dá o benefício da dúvida à equipa que ataca, cabendo o ónus da prova, à posteriori, a quem defende.

A acrescer a isto, e de forma a agilizar o jogo (não premiando as paragens para análise vídeo e "matando" o anti-jogo), há que cronometrar o tempo efectivo de jogo. Trinta minutos em cada parte significa que se jogariam 60 minutos efectivos de futebol, 66% do tempo útil, bem mais do que o usual no futebol moderno.

Claro que depois vem sempre o "problema" do custo destas medidas. Como é óbvio, seriam aplicadas apenas nas grandes competições e nas ligas mais importantes, onde o custo justifica a rentabilidade. E mesmo o custo é subjectivo: na nossa liga, 6 dos 8 jogos já são transmitidos pela TV. Ao minimizarmos o erro, melhoramos o espectáculo, o que atrairá mais espectadores, o torna mais rentável e facilmente torna esse custo residual.

E depois destas medidas serem implementadas, é preciso outra ainda mais profunda: mudar mentalidades. Ou seja, ter dirigentes, técnicos, adeptos e imprensa que valorizem o futebol (os golos, as fintas e as defesas) e desvalorizem os erros e os casos. Suprema ironia uma petição deste tipo ser apresentada por Rui Santos, ele que é um dos principais rostos daquilo que não deve ser o futebol: alguém sempre em busca de "casos" e erros de arbitragem, que tem horas e horas de tempo de antena em que destaca apenas o que o futebol tem de negativo. Parabéns a ele por, finalmente, fazer algo em prol do futebol.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Sal(eiro) do futebol são os golos

Fruto de circunstâncias várias, e numa altura em que o Sporting decide mudar de política, colocando em risco uma década de gestão rigorosa, Saleiro acabou por ter finalmente oportunidade de jogar nesta fase da temporada. E, em 2 jogos, 2 golos. O que se pede a um ponta-de-lança.

Saleiro não é, obviamente, um malabarista ou um velocista. Também não é um jogador de forte presença física. Mas tem alguma piada ver Saleiro, que pareceu uma carta fora do baralho em Alvalade desde o início da temporada, "ter" de jogar e mostrar mais serviço que todos os outros avançados leoninos.

A esta hora, Saleiro deve ser uma terrível dor de cabeça em Alvalade. Neste momento, já devem ter percebido que o avançado por quem deram 6,5 milhões na realidade é um extremo que marca uns 7 ou 8 golos por temporada. Tem qualidade, mas não lhe peçam para marcar golos. O "grande" Caicedo, já foi recambiado. Liedson está no estaleiro. Postiga continua uma travessia no deserto que começou há 6 anos, em White Hart Lane. Para golos, parece só sobrar Saleiro.

Saleiro que marcou à Naval o golo da vitória, à ponta-de-lança. Arrojando-se pela relva, piton com piton com o defesa, chegou primeiro e marcou. Resolveu o jogo. Mas foi menorizado o golo. E agora o golo ao Braga, excelente arrancada (deliciosa a inflexão no sprint que colocou o central adversário fora do lance), domínio e algo pouco visto num avançado português: isolado, em vez de tentar colocar a bola, fez o que faz qualquer avançado de qualquer parte do mundo. Vai bomba! Golo!

Será que Saleiro terá continuidade no onze do Sporting? Tenho dúvidas. E se tiver continuidade, agarrará a oportunidade? Acredito que sim. Acompanho a sua carreira há já uns anos e sei bem que tipo de avançado é, daqueles oportunos e que só veem a baliza. Ao que acresce uma louca paixão pelo Sporting, o seu clube, algo que nunca escondeu. Por isso acredito que pode ser este o seu momento.

Se agarrar a oportunidade, será que até mesmo a Selecção Nacional poderia ter aqui um brinde para a África do Sul?