quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tecnologias aplicadas ao futebol

Este é um tema que está na ordem do dia, em consequência da entrega de uma petição na Assembleia da República pelo jornalista/comentador Rui Santos que visa a discussão da adopção das novas tecnologias no futebol.

A ideia é louvável, mas não mais que isso. Claro que uma alteração desta monta tem de passar acima de tudo pela FIFA e UEFA e vontade destas entidades em tornar o futebol mais verdadeiro. E tenho sérias dúvidas que estas duas entidades tenham interesse em mitigar o erro no futebol.

Tive ontem oportunidade de explanar duas alterações que para mim são essenciais no futebol aos microfones da TSF, e que são a utilização do vídeo para apoio ao árbitro e a cronometragem do tempo de jogo, e que sucintamente passo a explicar:

Quanto à utilização do vídeo, há várias formas do mesmo ser implementado, há que estudar qual a que efectivamente é mais prática e acertada e implementá-la. Desta forma facilmente se resolvem "casos" de penaltys, agressões ou bolas que entram ou não. Relativamente ao fora-de-jogo, já há jogo directivas aos árbitros auxiliares para que, em caso de dúvida, beneficiem quem ataca, o que todos sabemos que não acontece porque é mais "fácil" anular um lance de potencial perigo marcando mal um fora de jogo do que correr o risco de validar um golo que não deveria ter sido validado. Com o recurso vídeo, mais facilmente o árbitro auxiliar dá o benefício da dúvida à equipa que ataca, cabendo o ónus da prova, à posteriori, a quem defende.

A acrescer a isto, e de forma a agilizar o jogo (não premiando as paragens para análise vídeo e "matando" o anti-jogo), há que cronometrar o tempo efectivo de jogo. Trinta minutos em cada parte significa que se jogariam 60 minutos efectivos de futebol, 66% do tempo útil, bem mais do que o usual no futebol moderno.

Claro que depois vem sempre o "problema" do custo destas medidas. Como é óbvio, seriam aplicadas apenas nas grandes competições e nas ligas mais importantes, onde o custo justifica a rentabilidade. E mesmo o custo é subjectivo: na nossa liga, 6 dos 8 jogos já são transmitidos pela TV. Ao minimizarmos o erro, melhoramos o espectáculo, o que atrairá mais espectadores, o torna mais rentável e facilmente torna esse custo residual.

E depois destas medidas serem implementadas, é preciso outra ainda mais profunda: mudar mentalidades. Ou seja, ter dirigentes, técnicos, adeptos e imprensa que valorizem o futebol (os golos, as fintas e as defesas) e desvalorizem os erros e os casos. Suprema ironia uma petição deste tipo ser apresentada por Rui Santos, ele que é um dos principais rostos daquilo que não deve ser o futebol: alguém sempre em busca de "casos" e erros de arbitragem, que tem horas e horas de tempo de antena em que destaca apenas o que o futebol tem de negativo. Parabéns a ele por, finalmente, fazer algo em prol do futebol.

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